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O da Inês

O piropo não é fixe!

O piropo é crime, porra! 

 

Ainda miúdas habituamo-nos a receber piropos na rua, à porta de casa, à saída da escola (...) Em suma onde quer que estejamos, a idade não parece interessar aos olhares maliciosos. Mal começamos a ganhar formas, a arranhar o corpo de mulher, somos inundadas por bocas foleiras e comentários ordinários. Parece ridículo, mas desde cedo aprendi a passar para o outro lado da estrada assim que avistava uma obra por exemplo. Acredito que muitas de vocês também.

 

A lei condena, desde 2015, estas "propostas de teor sexual" que provocam medo e até sentimentos de culpa nos elementos do sexo feminino. Sim, porque é isto que está em causa: nós temos medo. Se respondemos arriscamo-nos a ser agredidas, caso não digamos nada há quem ameace fazer-nos falar à força. É triste. Atenção, eu já me ri de uma ou outra saída da qual não estava à espera do género: "Epá, já não há muitas mulheres assim." Todavia, ninguém tem de dizer seja o que for. Se calhar ri-me na altura porque estava bem disposta, mas não é correto. Principalmente quando nos dizem à saída do trabalho: "Lambia-te a c**** toda..." E depois estas diretas vêm sempre acompanhadas de um olhar impróprio que mete nojo. A verdade é que nesse dia senti-me mal, tanto pelo facto de não ter respondido como por culpabilizar-me pela situação. Ideias estapafúrdias como: "Se calhar as calças são demasiado justas" ou "podia ter escolhido um decote mais discreto." E realmente estes pensamentos não passam disso mesmo, de reflexões descabidas. EU tenho o direito de vestir-me como quiser e EU devo sentir-me confortável em andar na rua desacompanhada. Vocês devem estar a pensar: "Ei calma... é só um piropo." Mas eu digo basta à ideia cliché do "é só um piropo". É um crime e ponto final. 

 

Posso parecer um pouco drástica mas quando, na semana passada, atiraram um piropo a mim e à minha mãe na rua quis desaparecer. É a minha mãe, pá! Será que o outro lado acha que nos vamos sentir desejadas a ouvir aquelas coisas? É que não amigos, não mesmo.

 

É óbvio que a maioria dos gajos só tem paleio e nunca vai passar das palavras aos atos. Mas ao contrário deles, que estão proibidos de pronunciar determinadas expressões, eu tenho o direito de sentir medo e desprezo por eles e as suas frases feitas. O piropo não é fixe e ponto final.

 

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